terça-feira, 23 de novembro de 2010

Dilma Rousseff planeja viagem ao Vaticano em 2012

Brasíl

Genebra (AE) - O Vaticano cobra do novo governo de Dilma Rousseff um compromisso para que não reabra o acordo que rege as relações bilaterais e que foi alvo de muita polêmica. O assunto foi debatido ontem em uma reunião entre o secretário da Santa Sé para Relações com os Estados, Dominique Mamberti, e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mesmo encontro, fixou-se que Dilma fará uma viagem ao Vaticano em 2012 para se reunir com o Papa Bento XVI. A visita já está sendo organizada pelo Palácio do Planalto e pela Santa Sé e faz parte da tentativa de se estabelecer uma “trégua” entre o Vaticano e Dilma depois das polêmicas com a Igreja durante a campanha eleitoral.

Dilma decidiu na última quinta-feira aproveitar a ida de Carvalho à Roma para mandar um recado à Igreja de que seu governo não abrirá guerra contra a Santa Sé. Enviou uma carta ao Papa pedindo que a Igreja “não recue” em relação ao Brasil, estabelecendo uma trégua e insistindo que o governo conta com a Santa Sé para aplicar seu projeto de erradicação da pobreza.  

Papa Bento XVI receberá, no Vaticano, a presidenta eleita no segundo ano de governo

A carta, ainda mantida em sigilo até quarta-feira, quando será lida pelo Papa, pede também sua bênção para o governo e assegura que quer diálogo com o Vaticano. “O que nós queríamos e acho que conseguimos era limpar de uma vez por todas o mal estar da campanha eleitoral”, admitiu Carvalho. Nem a carta e nem a reunião de hoje trataram da questão do aborto. Mas Carvalho admitiu que a campanha de Dilma viveu “momentos de grande tensão” diante dos comentários do Papa sobre o assunto, poucos dias antes do segundo turno.

Bento XVI, em uma reunião com bispos do Maranhão, condenou a descriminalização do aborto e da eutanásia e recomendou aos bispos brasileiros que emitissem “juízo moral” sobre essas questões, mesmo em “matérias políticas”. Embora não tenha feito referência direta à eleição, o papa pediu aos bispos que orientassem os fiéis a usar o voto para a “promoção do bem comum”.

“Não sabíamos que direção esses comentários tomariam”, admitiu Carvalho. “Foi um momento de grande tensão”, insistiu. Ele, porém, acusou “forças no Brasil” por terem influenciado o Papa a fazer tais declarações e garantiu que Dilma considera o assunto como “parte do passado”. Do lado do Vaticano, Mamberti confirmou que o Brasil é de “importância fundamental” para a Santa Sé e que uma visita de Dilma ao Papa seria relevante para mostrar o compromisso na relação bilateral.

Carvalho, porém, explicou que dificilmente a viagem poderia ocorrer em 2011. “O primeiro ano é sempre um período para amarrar o governo”, explicou o emissário. “A data que se trabalha é 2012 para a visita de Dilma”, apontou. Mamberti também insistiu na necessidade de o acordo que rege as relações bilaterais - conhecido como concordata - finalmente entre em vigor e que não seja alvo de uma revisão por parte de Dilma.

Fonte:  Jornal Tribuna do Norte

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