terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sem água, até escolas de São Tomé param as aulas

São Tomé/RN

O problema não é de agora, mas falta de água na cidade de São Tomé, a 101 quilômetros de Natal, nunca esteve tão grave. Amanhã, completa um mês que os moradores da região urbana viram água pela última vez nas torneiras de suas casas. E pior: segundo a Caern, não há previsão de quando o abastecimento vai ser normatizado ou, no mínimo, melhorar.

A moradora Maria Apolônio é uma das milhares que sofre com o problema. Residente do conjunto Coab, na região urbana da cidade, ela conta que a última vez que viu água sair da torneira de sua casa foi no dia 10 de outubro. De lá para cá, tem recorrido à água mineral e, até, à água da barragem local, a Monsenhor Expedito, que é imprópria para consumo humano.

“Paguei R$ 7 para um homem trazer água lá da barragem, mas ela é muito suja e não serve para consumo, nem para cozinhar. Para isso, nós temos que comprar água mineral”, afirma ela, que está decidida: não vai pagar a conta de água deste mês. “O dinheiro com o qual pagaria a conta de água, que é de R$ 35, em média, estou usando para pagar a água mineral”, justifica. Além dela, outros 1500 moradores de São Tomé não pretendem pagar a conta de água deste mês. Eles estão compondo um abaixo assinado que deve ser entregue no escritório local da Caern assim que a conta de água for distribuída.

Moradora da área urbana de São Tomé, Maria Apolônio afirma que nas casas vizinhas o sofrimento é igual. “Se meu marido e eu, que somos adultos e bem de saúde, estamos sofrendo, imagine nas casas onde há crianças, idosos ou pessoas doentes, que precisam mais de água”, declara. No entanto, ainda pior, segundo o radialista Pedro Ivo, outro morador da cidade, é a situação na zona rural da cidade. “Lá, muita gente está passando sede e perdendo tudo. Falta água para consumo humano. As escolas estão sem aula já há muitos dias”, afirma Pedro Ivo.

Em relação às escolas, pelo menos, não é preciso ir até à zona rural para que seja atestado o problema da falta da água atrapalhando o ano letivo. Na escola estadual Amaro Cavalcanti, próxima ao centro da cidade, o que se viu na tarde de ontem foram os funcionários de braços cruzados e nenhum aluno por perto. “Não teve aula por causa da falta de água. Faz três semanas que está assim. A diretoria está fazendo o que pode para ter aula, mas está complicado”, declara um dos funcionários - nome preservado.

A diretora da escola, Francisca Ferreira, havia passado a manhã reunida na Caern para tentar solucionar o problema. Desde que a água começou a faltar na cidade, ela tem recorrido aos carros-pipa para que as aulas não fossem suspensas. No entanto, sem água para transportar, nem eles ajudaram desta vez e a escola teve que parar as aulas.

Fonte: Jornal Tribuna do Norte

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