Os atendimentos da Maternidade e Pronto Atendimento Professor Leide Morais, conhecido como Hospital da Mulher, foram suspensos desde as 7 horas da manhã de ontem. Mesmo antes do início da paralisação dos profissionais da Cooperativa dos Médicos, que começa hoje, a ala de internamento e o pronto atendimento ginecológico e obstétrico deixaram de funcionar em função da falta de médicos do município para compor a escala. "A paralisação da Coopmed é apenas mais um complemento da crise que já estava instalada no hospital", informou um funcionário do Leide Morais, que preferiu não se identificar.
Além do Hospital da Mulher, a Maternidade de Felipe Camarão também suspendeu ontem os serviços pelos mesmo motivos. Das unidades municipais que realizam atendimentos obstetrícios, apenas a Maternidade das Quintas ainda resiste e mantém os serviços, mas a escala com médicos do município só irá atender até o próximo dia 19.
Na manhã dessa terça-feira, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE visitou o Hospital da Mulher, na avenida das Fronteiras, zona Norte de Natal, e acompanhou o drama de algumas pacientes que procuravam o serviço de obstetrícia da unidade. A adolescente Vanessa Nascimento, de 14 anos, deu à luz ao pequeno Wesley na semana passada, por meio de uma cirurgia de cesariana feita na unidade de saúde. Recebendo orientação para voltar em uma semana para realizar o teste do pezinho, a má notícia. "Simplesmente não tem ninguém para realizar esse exame no hospital. Eu vim de longe, estou cirurgiada do parto e não tenho dinheiro para gastar com táxi. Não sei o que fazer agora", desabafou Vanessa, que mora no Gramorezinho e precisa andar alguns quilômetros para pegar um ônibus.
Outra que recorreu ao Hospital da Mulher foi Cristina Pinheiro da Silva, de 32 anos. Perdendo sangue há quatro dias, a vendedora de cosméticos estava na manhã de ontem na unidade para realizar uma ultrassonografia. "Não estão fazendo porque não tem profissional para me atender e prestar esse serviço. Mandaram-me para o Hospital Santa Catarina", informou.
A jovem Edvânia Lima, de 22 anos, já vinha de uma jornada difícil quando chegou no pronto atendimento do Leide Morais. Diagnosticada como um princípio de aborto na Maternidade Escola Januário Cicco, em Petrópolis, a jovem foi de ônibus para a unidade da Zona Norte. "Na Januário Cicco não tem máquina para realizar a ultrassonografia. Aqui no Hospital da Mulher não tem o profissional para operar a máquina. Enquanto isso eu fico rodando e colocando a minha vida e a do meu filho em risco", lamentou.
Edvânia decidiu ir para o Santa Catarina. A reportagem acompanhou a ida da paciente até a unidade estadual e constatou que a ultrassonografia foi negada, em virtude do médico "não achar necessário nem urgente a realização do exame". "Ele disse que quando eu piorasse eu voltasse. O jeito vai ser fazer no particular", disse a jovem.
Fonte: Tribuna do Norte
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