quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Analfabetismo no RN é o dobro da taxa nacional

Rio Grande do Norte


Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio sobre a educação, no Rio Grande do Norte, registram uma boa e uma má notícia. A boa é que a tendência de queda nas taxas da população sem saber ler e escrever tem se mantido constante no Estado desde 2001, passando de 18,6% naquele ano para 15,8% em 2011. A má é que a taxa atual  é praticamente o dobro da média nacional (8,6%) e apenas um ponto abaixo da média regional (16,9%).

Apesar da redução no número de analfabetos, os especialistas avaliam que não há muito o que se comemorar, pois não significa uma melhora real na educação e muito menos que mais pessoas são capazes de ler e escrever. Isso porque fatores como diminuição na taxa de fecundidade e da população contribuem para elevar a taxa de alfabetizados.

"Na análise da série histórica, percebe-se que, ao contrário do Nordeste e do Brasil, o RN vem apresentando um tendência de queda no percentual de analfabetos, principalmente  nas faixas etárias mais jovens. Isso em virtude dos incentivos governamentais para manter as crianças na escola", explica o analista do IBGE/RN, Ivanilton Passos. 

Entre esses incetivos estão os programas sociais que condicionam a doação de uma 'mesada' a permanência das crianças  na escola, a distribuição da merenda, pois uma criança que não tem como se alimentar vai querer ir para a escola para ter o que comer.

"Eu realmente não vejo motivo para comemorar. Em dez anos nós conseguimos reduzir o percentual de analfabetos em menos de 3%. Isso é pouco! Se observamos a qualidade do ensino é que não temos mesmo o que comemorar", diz a representante do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa.

As  estatísticas revelam uma média muito baixa em relação a  qualidade do conhecimento adquirido. Em 2009, o brasileiro de 15 anos ou mais de idade tinha 7,5 anos de estudo, na região Sudeste esse número era de 8,2 anos, Nordeste eram 6,7 anos e no RN, 6,2 anos não concluíram o ensino fundamental obrigatório- direito adquirido constitucionalmente.

Outro dado preocupante revelado pela PNAD 2011 é que do total de analfabetos do RN aproximadamente 71% possuem 30 anos ou mais de idade. Esses números se justificam, segundo Ivanilton Passos, pela falta de uma política de alfabetização para adultos. 

Os programas que existem, não são suficientes para atrair essa parcela da população, que durante a infância e adolescência foi excluída do direito, garantido por lei, de ter acesso a educação.

"Esses programas de alfabetização de adulto servem muito mais para certificar a conclusão do ensino médio do que para fazer com que se aprenda de fato", critica Santa Rosa.

Ainda segundo ela, as pessoas na faixa de 30 anos ou mais precisam de um estímulo maior para voltar aos bancos da escolas. Eles já estão no mercado de trabalho, trabalham o dia todo. "Não é uma escola qualquer, com um ensino qualquer que vai atrair essas pessoas. E se essa 'escola morta' não mudar, essa parcela da população vai continuar engrossando o calda do analfabetismo", diz a educadora.

Fonte: Tribuna do Norte

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