Aquele "jeitinho brasileiro" tem sido praticado até na hora da morte em Natal. Sem vagas nos oito cemitérios públicos da cidade, a administração dos espaços enterra os mortos de várias formas: um em cima do outro, nos locais que deveriam servir de passagem para as pessoas que circulam entre os túmulos, desenterrando um corpo para enterrar outro e procurando sobras em espaços de jazigos já pagos.
Mesmo que o cidadão tenha R$ 127 para comprar um terreno no cemitério, não há o que vender; apenas as pessoas com jazigo podem ser enterradas. Quem não tem jazigo já pago ou dinheiro para comprar um túmulo nos cemitérios particulares, tem que optar pelo Bom Pastor I ou II.
O caos não é de hoje. A superlotação dessas duas áreas é um problema antigo e de conhecimento da população. O local de circulação das pessoas, onde estão vários túmulos, tem cruz com data de 2002. Mesmo sendo enterrado na passagem, o familiar ainda precisa pagar R$ 27,73 pelo sepultamento. Porém, segundo alguns administradores que preferiram não se indentificar, em breve, não haverá mais espaço para colocar os mortos.
No cemitério do Igapó, que não faz enterro há oito dias, os túmulos já estão no portão de entrada. A sujeira tomou conta dos jazigos, e a vizinhaça reclama do descaso da administração. No momento em que a reportagem chegou, por volta das 11h, o administrador já havia saído para almoçar e só retornaria às 14h. Os três funcionários, que estavam deitados nas sepulturas, informaram que as vagas eram apenas para os donos de terreno. A mesma situação foi registrada no Pajuçara. Às 11h30, o cemitério estava fechando e dois trabalhadores, saindo. "Somente os anjinhos (bebês) têm espaço", disse um deles.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) e perguntou sobre a possibilidade de os cemitérios públicos da cidade serem terceirizados. A assessoria de comunicação afirmou que, por enquanto, a informação não procede.
Fonte: Jornal Diário de Natal
Nenhum comentário:
Postar um comentário